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sexta-feira, outubro 06, 2006

Jingle Bells papa-chibé

Um colunista de um jornal badalado desta cidade se surpreendeu ao ver que árvores de natal já se encontravam à venda em pleno final de setembro. Claro não ser comum em outras cidades, mas em Belém o natal começa mais cedo sim, une-se ao um natal in door das paraenses, o Círio de Nazaré.
Um amigo meu disse que prefere ver a família em Macapá a acompanhar um bando de gente atrás de uma imagem... Não, ele não é paraense e isso explica tal blasfêmia. Não é que a segunda maior manifestação religiosa do mundo não seja um bando de gente atrás de uma imagem, é sim, mas passeia por vários outros significados muito aquém da vã filosofia “RPGistíca” do cidadão. Outro amigo já diz que o Círio não é reconhecido pelo Vaticano como festa religiosa cristã e sim uma manifestação pagã de cunho religioso, correto. A idolatria à imagem de Nossa Senhora de Nazaré é um dos grandes percalços pelos quais a Arquidiocese de Belém passa nesta época do ano, sendo alvo de duras críticas das seitas evangélicas, neste ano inclusive, o bispo não aceitou que a imagem ficasse ao lado do Santíssimo sacramento na adoração em intenção ao Círio.
A berlinda com a imagem não mais deveria ser que um meio, uma lembrança, uma representação e não um foco. Desde que comecei a entender isso um pouco mais, percebi que a berlinda tem muito mais representatividade que o que está no centro dela, até substituí a frase “vou esperar a santa passar” para “vou esperar a berlinda passar”.
A fé, a crença e o sacrifício são os elementos que mais me fascinam nesta festa. Apesar de me parecer niilista, a quinzena nazarena é uma das poucas coisas que não foram desconstruídas da minha cabeça depois que conheci a Igreja Católica Apostólica Romana. Agora há pouco meu chefe me perguntou se eu era católico – mais ou menos – foi a resposta. Os dogmas que este segmento religioso me apresentou são os que mais se aproximam do direcionamento espiritual que eu pretendo seguir. Não é uma religião independente, apenas um grande acordo de idéias e pensamentos que me formam.
Voltando ao Círio e sua representatividade, lamento profundamente a adoração à imagem, mas não posso deixar de reconhecer que é uma festa infinitamente bonita e emocionante. São mais de 130 km de procissões pra todos os gostos: rodoviária, fluvial, dos motoqueiros, trasladação, círio, dos ciclistas, das crianças, da juventude etc, quase uma prova de triatlo. Isso sem falar na maniçoba, no pato, na bola gigante do arraial, na maçã do amor e claro, dos três nozinhos/pedidos para a fitinha em homenagem a virgem.

Câmbio e desligo

Thiago Viana